sábado, 25 de outubro de 2008

Balada de amor através dos tempos

Sabe, uma das coisas que eu mais gosto é poesia, sabe porque? É por que nas poesias você pode escrever mil e uma coisas para ter nexo ou então somente meia duzia de palavras pra que tudo fique sem sentido...

Entre varios poemas que já li, um dos que eu mais admiro foi escrito por CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, um 'louco', um poeta e um sonhador. Acabei fazendo umas adaptções no poema para ficaram mais faceis de serem lidas, divirtam-se

Balada de amor através dos tempos


Eu te gosto, você me gosta
desde tempos imemoriais.
Eu era grego, você troiana,
troiana mas não Helena.
Saí do cavalo de pau
para matar seu irmão.
Matei, brigamos, morremos.

Virei soldado romano,
perseguidor de cristãos.
Na porta da catacumba
encontrei-te novamente.
Mas quando vi você nua
caída na areia do circo
e o leão vinha vindo,
dei um pulo desesperado
e o leão matou nós dois.

Depois fui pirata mouro,
flagelo da Tripolitânia.
Toquei fogo na fragata
onde você se escondia
da fúria de meu bergantim.
Mas quando ia te pegar
e te fazer minha escrava,
você fez o sinal-da-cruz
e rasgou o peito a punhal...
Me suicidei também.

Depois (tempos mais amenos)
fui cortesão de Versailles
espirituoso e devasso,
Você cismou de ser freira...
Pulei muro de convento
mas complicações políticas
nos levaram à guilhotina.

Hoje sou moço moderno,
remo, pulo, danço, boxo,
tenho dinheiro no banco.
Você é uma loura notável,
boxa, dança, pula, rema.
Seu pai é que não faz gosto.
Mas depois de mil peripécias,
eu, herói da Paramount,
te abraço, te beijo e te amo.

(DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos.)